quarta-feira, abril 26, 2006
O marketing pessoal e as relações amorosas

Muitos executivos para os quais faço o desenvolvimento de metas e resultados a partir do processo de coaching são literalmente falidos em seus relacionamentos. As executivas não estão em melhor situação. Recentemente um empreendedor perguntou-me se possuia algum conhecimento em utilizar o processo de coaching para casais. Mais que isso, já me perguntaram se Marketing Pessoal pode ser utilizado nas relações amorosas. Minha primeira resposta é não, não pode. Pelo simples motivo que marketing é toda ação que gera uma possibilidade de venda e Marketing pessoal é toda ação (subentendida, toda ação de marketing) que gera uma possibilidade de sucesso da pessoa.

Sendo assim, a menos que você pretenda vender algo para sua esposa ou marido e ganhar algum dinheiro com isso, o Marketing Pessoal não irá ajudá-lo no relacionamento. Entretanto, aprofundando-me um pouco mais na questão, pode-se utilizar algum princípio do Coaching e do Marketing Pessoal para se desenvolver idéias e ações que gerem um novo contexto para o casal, embora não seja um princípio exclusivo dessas áreas.

Para quem não está acostumado com o termo, coaching (pronuncia-se “kôotchin” (sic) e significa treinamento em inglês) é o processo de desenvolvimento de competências. Competência é a capacidade de agir, de realizar ações em direção a um objetivo, metas e desejos. É um processo de investigação e reflexão. Descoberta pessoal de fraqueza e qualidades. Aumento da consciência de si, da capacidade de responsabilizar-se pela própria vida com estrutura e foco. O processo oferece feedback realista e apoio. Ele é desenvolvido primordialmente a partir de perguntas que possam gerar novas ações e novas soluções.

Entretanto, os casais quando brigam e ambos querem estar certos, isto gera na maioria das vezes mágoas e ressentimentos e não doces lembranças. Quando cobram responsabilidades mútuas não interpretam como uma prova de integridade, mas um aborrecimento. Onde está a diferença?

As noções de amor que nos chegam e que são consideradas parâmetros para muitos relacionamentos foram criadas na sua maioria por nossa cultura: livros, filmes, poesias, canções, outras pessoas e nossos pais. Assim, perpetuamos algumas idéias do passado sem nunca pararmos para pensar se não há outra forma, algum outro caminho de se amar.

Se seu relacionamento depende do preenchimento dessa emoção, então é um bilhete premiado para o fracasso. Pelo simples motivo que nenhuma emoção, nenhuma experiência e nenhum sentimento duram indefinidamente. Todos têm um começo, um meio e um fim. Por isso que no ritual de casamento ninguém declara: “estarei com você enquanto o meu sentimento durar”. Quem criou o ritual sabia o que estava fazendo.

Então você deve abrir mão do sentimento? Não! Claro que não! Mas considere a possibilidade que você não sabe como gerá-lo. Sendo assim, a maior parte das pessoas quando diz: “eu sinto amor por você”, na verdade quer dizer, “o amor me pegou”! Ela não fez nada. Aconteceu. Não há poder sobre isso.

Considere a idéia de que um relacionamento é um empreendimento, por menos sexy ou inspirador que isso transpareça a primeira vista. Repetindo, no que diz respeito a um princípio do marketing pessoal e do coaching aplicável ao amor, o princípio é: o propósito. É ele que permite a você uma vez escolhida com liberdade a pessoa que irá amar criar algo em comum. Quanto mais pobre for o propósito, maior a chance de desilusão. Quanto mais nobre, maior a possibilidade de sucesso. Por exemplo: se os propósitos forem “para criar os filhos”, “para constituir uma família” e “ser feliz” eles são fracos demais. O que você precisa para ter um filho? Olhe em volta e verá que a maioria dos lares em qualquer nível social possui filhos. E é uma família mesmo não sendo um modelo de família.

Suas ações e falas estão gerando alegria? Quando conversa com seu par é este o propósito de sua fala? Ou é cobrá-lo por algo? Por exemplo, suprir essa sua emoção que se foi? Seja brutalmente honesto com a razão de cada uma de suas atitudes e verá que no fundo seu objetivo de tempos em tempos é recuperar o sentimento perdido. Mas, para recriá-lo, precisa de um contexto maior. Especificamente: das falas e ações em direção a um propósito e das conquistas a partir dele.

Partindo-se do propósito individual observe que não é tão difícil se amar um esportista de sucesso ou mesmo uma atriz de grande talento. Suas ações e falas têm um propósito muito claro e suas conquistas são plenamente observáveis. Já para os demais a complexidade aumenta, pois na verdade nos relacionamos a partir de nossas agendas. Se você não se interessa pelo que seu par faz, terá problemas, pois não irá compreender porque ele faz o que faz. Se sentirá em segundo plano e muito rapidamente ao invés de contribuir para que ele seja quem deseja ser, estará sendo a pessoa que o incomoda por reclamar de quem ele é e do que faz.

Por esta razão, a primeira pessoa por quem você deve se interessar, antes de envolver-se em um relacionamento, é você mesmo. Quem você é? Qual o seu propósito? O que você faz hoje e o que pretende fazer no futuro? Se não souber para onde está indo, como irá querer que outra pessoa se envolva com você? Como irá esclarecer suas responsabilidades e como divide seu tempo entre suas ações e qual o tempo que irá dedicar ao seu relacionamento? Principalmente, como irá envolver a pessoa amada em sua vida? Lembre-se que relacionamento é uma escolha e você deve responsabilizar-se para não ficar reclamando que seu par não o entende. Você é tão claro assim? Se não é, comece a sê-lo. Converse sobre seu futuro, o que você quer que ocorra nele. E principalmente: ouça a pessoa que está ao seu lado e minha sugestão é que faça isso em primeiro lugar: Qual é o propósito dela?

A partir daí alinhem os propósitos e criem um terceiro que seja inspirador para ambos. Não precisa abrir mão do seu, deve apenas alinhá-lo a esse novo.

E se já está em um relacionamento, dedique-se a um bom desenvolvimento pessoal a partir de agora. A aceitação é o princípio que permite o amor (sentimento) tornar a surgir. Sem aceitação é muito provável que seu relacionamento se desenrole como um conjunto de atividades sem sentido e sem emoção ou o que é pior: uma busca por ser feliz ou para que alguém o faça feliz, quando na verdade a felicidade é uma responsabilidade de cada um por si mesmo.

Portanto, crie e comunique seu propósito para ter envolvimento de outras pessoas na sua vida. Nas palavras de Joseph Campbell: “penso que o que buscamos não é um sentido para a vida, mas experiências que nos mostrem o enorme enlevo que é estarmos vivos”.
posted by Patrícia C. Makiyama @ 2:10 PM  
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